segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cientistas querem provocar sistema imunológico a atacar câncer

O isolamento das células que impedem ataques autoimunes pode fazer o organismo combater o câncer

  Uma equipe de cientistas americanos do Hospital Infantil da Filadélfia descobriu uma forma de provocar o sistema imunológico a atacar células de tecidos do corpo e ajudar no combate ao câncer .


A pesquisa mostrou resultados em um determinado tipo de câncer de pulmão

   O sistema imunológico é delicadamente equilibrado para atacar invasores e não combater os próprios tecidos do corpo.
   Assim, existem muitas doenças autoimunes, tais como a diabetes do tipo 1 e a esclerose múltipla, que ocorrem quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano.

Imunoterapia

   Pesquisas feitas com células T, que ajudam na produção de anticorpos no organismo, têm sido bastante populares na área de estudos do câncer e de doenças autoimunes.
   As células T fazem parte do sistema imunológico, e ajudam a equilibrá-lo impedindo que ataque o próprio corpo.
   Os pesquisadores procuraram interromper a função da célula T, com a intenção de deixar o sistema imunológico atacar células cancerígenas.
   Wayne Hancock, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse: "Nós precisamos encontrar uma maneira de reduzir a função da célula T de forma que ela permita uma atividade antitumoral, mas sem reações autoimunes."

Pesquisa promissora

   Os pesquisadores criaram camundongos que não tinham a química necessária para fazer as células T trabalharem de forma eficaz - e por isso elas não impediam um ataque do sistema imunológico a tecidos do corpo.
   Para confirmar o experimento, os cientistas usaram uma droga que produziu o mesmo efeito em ratos normais.
   Em ambos os testes, a mudança no sistema imunológico restringiu o crescimento de um tipo de câncer de pulmão .
   "O estudo abre as portas para uma nova forma de imunoterapia para o combate ao câncer", disse Hancock.
   No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para o tratamento de pacientes com câncer. Outros testes serão necessários para ver se os mesmos procedimentos podem ser usados no sistema imunológico humano, antes de testes clínicos.
   Emma Smith, do Cancer Research UK, disse: "Colocar o poder do nosso sistema imunológico contra o câncer é um campo promissor de pesquisa, e algo que cientistas do mundo todos estão estudando."
   "Estes resultados são mais um passo para o desenvolvimento de novos tratamentos que agem dessa forma, mas a pesquisa ainda está em fase inicial, e ainda não sabemos se essa abordagem será segura ou eficaz em humanos," concluiu Smith.

FONTE: iG (http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2013-08-19/cientistas-querem-provocar-sistema-imunologico-a-atacar-cancer.html)

sábado, 17 de agosto de 2013

Estudo identifica mutações genéticas que dão origem a câncer

Pesquisadores identificaram 21 marcadores genéticos relacionados a 97% dos 30 tipos mais comuns de câncer



  Cientistas anunciaram o que dizem ser um novo marco na pesquisa do câncer , após identificarem 21 mutações que estariam por trás da maioria dos tumores .
   O estudo, que foi divulgado no periódico Nature , afirma que estas modificações do código genético são responsáveis por 97% dos 30 tipos mais comuns de câncer.
   Descobrir o que causa as mutações pode levar à criação de novos tratamentos.
   Algumas dessas causas, como o hábito de fumar, já são conhecidas, mas mais da metade delas ainda são um mistério.
   Durante o período de uma vida, células desenvolvem uma série de mutações que podem vir a transformá-las em tumores letais que crescem incontrolavelmente.
   

Origens do câncer

  A equipe internacional de pesquisadores estava procurando as causas das mutações como parte da maior análise já feita sobre o genoma do câncer.
   As causas mais conhecidas de mudanças no DNA, como a superexposição aos raios UV e o hábito de fumar, aumentam as chances de desenvolver a doença.
  Mas cada uma delas deixa também uma marca única ─ um a espécie de assiantura ─ que mostra se foi o fumo ou a radiação UV, por exemplo, o responsável pela mutação. 
   Os pesquisadores, liderados pelo Instituto Sanger, do Reino Unido, procuraram por mais exemplos destas "assinaturas" em 7.042 amostras tiradas dos 30 tipos mais comuns de câncer.
   Eles descobriram que 21 marcas diferentes eram responsáveis por 97% das mutações que causavam os tumores.   "Estou muito animado. Esses padrões, essas assinaturas, estão escondidos no genoma do câncer e nos dizem o que está realmente causando o câncer em primeiro lugar ─ é uma compreensão muito importante", disse Sir Mike Stratton, diretor do Instituto Sanger, à BBC.
   "É uma conquista significativa para a pesquisa sobre câncer, é bastante profundo. Está nos levando a áreas do desconhecido que não sabíamos que existiam. Acho que este é um grande marco."

Mistérios

   Outras marcas encontradas no genoma do câncer estavam relacionadas com o processo de envelhecimento e com o sistema imunológico do corpo.
   As células respondem a infecções virais ativando uma classe se enzimas que modificam os vírus até que eles não funcionem mais.
   "Acreditamos que quando ela (a célula) faz isso, há efeitos colaterais ─ seu próprio genoma se modifica também e ela fica muito mais propensa a se tornar uma célula cancerígena, já que tem uma série de mutações ─ é uma espada de dois gumes", diz Stratton.
   No entanto, doze dessas marcas genéticas encontradas no genoma do câncer ainda estão sem explicação.
   Espera-se que se algumas delas puderem ser atribuídas a fatores ambientais, novas formas de prevenir a doença possam ser desenvolvidas.
   As dúvidas também podem fomentar novas pesquisas. Uma das causas desconhecidas das mutações cancerígenas acontece no neuroblastoma, um câncer em células nervosas que normalmente afeta crianças.
   "Sabemos que fatores ambientais como o fumo e a superexposição aos raios UV podem causar modificações no DNA que podem levar ao câncer, mas em muitos casos nós não sabemos o que provoca as falhas no DNA", afirmou o professor Nic Jones, da instituição britânica voltada para pesquisa do câncer Cancer Research UK.
   "As marcas genéticas encontradas nesse estudo fascinante e importante identificam muitos processos novos por trás do desenvolvimento do câncer."
   De acordo com Jones, entender o que causa esses processos pode levar a novas maneiras de prevenir e tratar a doença.

Brasileiro inventor de 'luz engarrafada' tem ideia espalhada pelo mundo

Ideia já se espalhou por mais de 15 países e pode beneficiar 1 milhão de pessoas com carência de energia elétrica.

A ideia de Moser já é utilizada em mais de 15 países onde a energia elétrica é escassa (Foto: BBC)

   Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo.
   Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve seu próprio momento de "eureka" quando encontrou a solução para iluminar a própria casa em um dia de corte de energia.   Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.
   Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas usando a "luz engarrafada".
   Mas, afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol em uma garrafa de dois litros cheia d'água.
   "Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser.

Moser afirma que a lâmpada funciona melhor se
a boca for coberta por uma fita preta (Foto: BBC)

   Ele protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água.
  "Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor.
  Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.
  "Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser.

Apagões

  A inspiração para a "lâmpada de Moser" veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. "O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas", relembra.
  Moser e seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.
  O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente, para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e, assim, provocar fogo.
  A ideia ficou na mente de Moser que, então, começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida. Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.
  "Eu nunca fiz desenho algum da ideia. Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta.

Pelo mundo

  O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro. Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.  "Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.
  Carmelinda, mulher de Moser há 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas com madeira de qualidade.
  Mas parece que ela não é a única que admira o inventor. Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.
  A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.
  Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido "quantidades enormes de garrafas".
  "Enchemos as garrafas com barro para criar as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazer as janelas", conta.
  "Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: 'Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados''', relembra Diaz.
  Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganhar uma pequena renda.
  Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.
  As luzes "engarrafadas" também chegaram a outros 15 países, entre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.
  Diaz disse que atualmente podem-se encontrar as lâmadas de Moser em comunidades que vivem em ilhas remotas. "Eles afirmam que viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da ideia".
  Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, usando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas. Diaz estima que pelo menos 1 milhão de pessoas vão se beneficiar da ideia até o começo de 2014.
  "Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre", enfatiza o representante do MyShelter.
  "Ganhando ou não o Prêmio Nobel, queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admira o que ele está fazendo."
  Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto? "Nunca imaginei isso, não", diz, emocionado. "Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso."

Moser criou a lâmpada durante a série de apagões que o Brasil enfrentou em 2002 (Foto: BBC)
FONTE:G1 (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/08/brasileiro-inventor-de-luz-engarrafada-tem-ideia-espalhada-pelo-mundo.html)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Descoberto novo mamífero da família dos guaxinins na América do Sul

Bicho parece 'cruzamento de gato com urso de pelúcia', diz instituição.Há 35 anos, animal carnívoro não era descoberto no Hemisfério Ocidental.


Olinguito é nova espécie de mamífero encontrada na América do Sul (Foto: Mark Gurney/Divulgação)

  Artigo publicado no jornal científico “Zookeys” nesta quinta-feira (15) aponta a descoberta de uma nova espécie animal, o olinguito. Cientistas do Instituto Smithsonian, de Washington, afirmam que este é o primeiro mamífero da ordem Carnivora descoberto no Hemisfério Ocidental em 35 anos. Em nota, a instituição afirma que o bicho parece um cruzamento de "gato doméstico com urso de pelúcia".
  O olinguito (Bassaricyon neblina) pertence à mesma família dos guaxinins, olingos e quatis, e pode ser encontrado na Colômbia e no Peru. O mamífero tem pelo marrom alaranjado, hábitos noturnos e gestação de um filhote por vez. Ele pertence à ordem Carnivora, mas sua principal fonte de alimen tação são as frutas.
  “A descoberta do olinguito mostra que o mundo ainda não está completamente explorado e seus segredos ainda não foram revelados”, diz Kristofer Helgen, líder da pesquisa que durou aproximadamente dez anos.
  Os cientistas também comentam que a descoberta não era o objetivo original do trabalho, que pretendia enumerar todas as espécies de olingo existentes no mundo. Pesquisas em catálogos de museus e testes de DNA mostraram que o olinguito tem crânio e dentes menores que os olingos, além de habitar uma área diferente.
  A constatação foi seguida de uma expedição de três semanas à América do Sul para descobrir se o novo mamífero ainda existe na natureza. Os olinguitos foram encontrados nas chamadas florestas nubladas, próximas aos Andes, e os pesquisadores preocuparam-se em prestar atenção a todos os detalhes do comportamento e do habitat do animal em busca de informações sobre a espécie.

Espécie da família dos guaxinins tem hábitos noturnos (Foto: Poglayen-Neuwall/Divulgação)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cientistas desenvolvem tecido de coração humano



PARIS, 13 Ago 2013 (AFP) - Cientistas disseram nesta terça-feira ter usado células-tronco para desenvolver tecido cardíaco humano que se contraiu espontaneamente em uma placa de petri, representando um avanço na busca da produção de órgãos para transplante.  Uma equipe da Universidade de Pittsburgh, Pensilvânia, usou células-tronco pluripotenciais induzidas (iPS), geradas a partir de células-tronco humanas para criar células precursoras cardíacas denominadas MCPs. 
  As iPS são células humanas maduras, "reprogramadas" para um estado versátil e primitivo, a partir do qual elas podem ser induzidas a desenvolver qualquer tipo de célula do corpo.
  As células cardíacas primitivas criadas desta forma foram colocadas no "scaffold" (andaime, numa tradução literal) do coração de um camundongo, do qual os cientistas removeram todas as células cardíacas originais, redigiram na revista Nature Communications.
  O "scaffold" é uma rede de tecido não vivo, composto de proteínas e carboidratos à qual as células aderem e crescem.
  Inseridas neste andaime tridimensional, as células precursoras cresceram e desenvolveram músculo cardíaco e, após 20 dias sendo alimentadas com sangue, o órgão reconstruído da cobaia "começou a se contrair novamente à taxa de 40 a 50 batimentos por minuto", informou em um comunicado a Universidade de Pittsburgh.
  "Ainda estamos longe de fazer um coração humano completo", acrescentou o pesquisador sênior Lei Yang.
  É preciso encontrar formas para fazer o coração se contrair forte o suficiente para bombear sangue de forma eficaz e reconstruir o sistema de condução elétrica do coração.
  "No entanto, nós oferecemos uma nova fonte de células - células MCPs derivadas de iPS - para a futura engenharia de tecido cardíaca", informou Yang em e-mail à AFP.
  "Esperamos que nosso estudo seja usado no futuro para recolocar um pedaço do tecido danificado por um ataque cardíaco ou talvez um órgão inteiro em pacientes com doença cardíaca", acrescentou.
  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 17 milhões de pessoas morram de problemas cardiovasculares todos os anos, a maioria vítima de doenças do coração.
  Devido à falta de doadores de órgãos, "a insuficiência cardíaca terminal é irreversível", destacou o estudo.
  Mais da metade de pacientes com doenças cardíacas não se beneficia do uso de medicamentos.
  "A engenharia do tecido cardíaco representa uma grande promessa, com base na reconstrução do músculo cardíaco específico do paciente", escreveram os cientistas.
  Até alguns anos atrás, quando as células iPS foram criadas, a única forma de se obter células-tronco era coletá-las de embriões humanos.
  Seu uso é controverso porque requer a destruição do embrião, um processo rejeitado, entre outros, por conservadores religiosos.

Viagem sem volta a Marte já tem mais de 100 mil inscritos

Os quatro selecionados receberão uma passagem apenas de ida para o planeta. As inscrições online ainda estão abertas até o dia 31 de agosto

Planeta Marte: a cada dois anos, novos exploradores se juntarão ao grupo no planeta

São Paulo - A startup holandesa Mars One, do alemão Bas Landsdorp, já tem mais de 100 mil pessoas inscritas para colonizar Marte em uma viagem sem volta. Os quatro selecionados receberão uma passagem apenas de ida para Marte.
  As inscrições online ainda estão abertas até o dia 31 de agosto. Segundo informações da BBC, Lansdorp confirmou o número de inscritos aos principais jornais americanos. O cientista acredita que a quantidade de candidatos tende a crescer ainda mais nas próximas semanas.
  Qualquer pessoa com pelo menos 18 anos de idade pode mandar um vídeo de inscrição explicando por quais motivos deve ser selecionada. Mas é preciso estar preparado para dizer adeus ao planeta Terra para sempre, pois não há planos de trazer os astronautas de Marte.
  Quem decidir se inscrever precisa pagar uma taxa para ajudar a financiar o custo do projeto, orçado em 6 bilhões de dólares. O valor da inscrição varia de acordo com o país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa é de 38 dólares. Já no México o valor é inferior a 15 dólares. Até agora, o site do projeto confirma ter recebido inscrições de mais de 120 países. Entre eles está o Brasil, Argentina, Estados Unidos, Rússia, México, China, Canadá e Índia.
  Após uma triagem feita com base nos dados enviados pelos candidatos, como currículo e vídeo, o processo seletivo passará para o nível nacional. Essa etapa será transmitida pela TV e internet em cada país participante e o público decidirá qual será seu representante dentre um grupo de 20 a 40 candidatos por nação.
  Até julho de 2015, a Mars One pretende ter 24 astronautas organizados em seis grupos de quatro pessoas. As equipes, então, enfrentarão sete anos de treinamento, que incluem passar três meses em uma réplica da colônia de Marte.
  Os candidatos passarão por treinamento físico e psicológico. O público votará em quem tem que ir para Marte a partir de um conjunto de candidatos selecionados pelos especialistas da Mars One.
  A cada dois anos, novos exploradores se juntarão ao grupo em Marte. A energia local será gerada por painéis solares, a água será reciclada e extraída do solo. Os astronautas cultivarão os alimentos e terão suprimentos de emergência.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Histologia

HISTOLOGIA: É O RAMO DA BIOLOGIA QUE ESTUDA OS TECIDOS
Histo (tecido); Logia (estudo)

Tecidos são conjuntos de células diferenciadas e adaptadas à uma determinada função em animais.

Tecido Epitelial


Tecido muscular


Tecido nervoso


Tecido conjuntivo

Tecidos – Tipos


Epiteliais: São tecidos caracterizados pela presença de células justapostas sem a presença de espaços intercelulares – Revestimento e formação de glândulas

Conjuntivos: São tecidos caracterizados pela presença de substâncias e/ou estruturas intercelulares sendo primariamente relacionado com as funções de preenchimento e de ligação entre os outros tecidos.

Nervoso: São tecidos extremamente especializados responsáveis pela recepção, transmissão, interpretação e resposta aos estímulos ambientais, sejam eles internos ou externos.

Muscular: São tecidos compostos por células contráteis responsáveis pela movimentação do organismo ou de suas partes como no caso de compressão e relaxamento de cavidades.

TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO

FUNÇÃO: REVESTIR

PELE: REVESTIMENTO EXTERNO COMPOSTA POR TRÊS CAMADAS (EPIDERME, DERME E HIPODERME)

MUCOSA: REVESTIMENTO INTERNO COM ABERTURA PARA O MEIO EXTERNO. 
EX. MUCOSA BUCAL, ANAL E VAGINAL.

SEROSA: REVESTIMENTO INTERNO, SEM CONTATO COM O MEIO EXTERNO. 
EX. PLEURA(Pulmão), PERITÔNIO (Cavidade abdominal) e PERICÁRDIO (coração)

REVESTIMENTO: recobrem a superfície externa do corpo e o interior de órgãos cavitários. Podem ser:

1. Simples (uma camada de células).
Ex: Endotélio (vasos sanguíneos), Epitélio Intestinal (com Microvilosidades), Epitélio dos Túbulos Renais (com Invaginações).

2. Estratificados (mais de uma camada de células).
Ex: Epiderme.

3. Pseudo-estratificados (uma camada de células de diferentes alturas).
Ex: Epitélio Traqueal.

EXEMPLOS DE TECIDO EPITELIAL DE ACORDO COM A FORMA E O NÚMERO DE CAMADAS DE CÉLULAS:





Foto: Corte Transversal de Secção de Pele Grossa mostrando Tecido Epitelial Estratificado.

Foto: Corte Transversal de Secção do Lábio mostrando Tecido epitelial Estratificado Pavimentoso.
Foto: Corte Transversal da Traquéia mostrando Tecido Epitelial Pseudo-Estratificado.

Tipos de glândulas

FUNÇÃO: SECRETAR
ORIGEM: TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO
FORMA AS GLÂNDULAS: a. GLÂNDULA ENDÓCRINA b. GLÂNDULA EXÓCRINA c. GLÂNDULA ANFÍCRINA


EXÓCRINAS: eliminam secreções para fora do corpo ou para o interior do tubo digestório através de ductos.
Ex: Sudoríparas, Salivares, Sebáceas, Gástricas, Entéricas.

ENDÓCRINAS: eliminam suas secreções, os hormônios, diretamente no sangue.
 Ex: Hipófise, Tireóide, Paratireóides, Supra-renais ou Adrenais.

ANFÍCRINAS OU MISTAS: eliminam secreções exócrinas e endócrinas.
Ex: Pâncreas (Suco Pancreático no Duodeno; e Insulina e Glucagon no Sangue).

Glândulas: Hipófise, pâncreas, testículos, ovários, supra-renais e tireoide

Tecidos conjuntivos – Funções

Funções associadas aos tecidos conjuntivos
Sistema mononuclear fagocitário reticulo endotelial: Defesa por ação de macrófagos e neutrófilos por meio de fagocitose. Pele, linfonodos, baço, etc.
Tecido adiposo: Composto por adipócitos, células ricas em lipídios – Reserva nutritiva, proteção térmica e mecânica.
Tecido hematopoético: Compõe a medula óssea vermelha – responsável pela produção de células sanguíneas
Tecido cartilaginoso: Compõe as cartilagens – responsável por modelagem corporal, articulações, proteção de cavidades e tubos
Sangue: Apresenta matriz líquida, estruturas e células variadas – Responsável pelo transporte de nutrientes, gases respiratórios, hormônios, anticorpos, etc.

Tecido Conjuntivo Frouxo

Substância intercelular: Muita substância amorfa (ácido hialurônico), poucas fibras (com predomínio de colágenas e fibras elásticas - elastina). 
Células típicas:Fibroblastos, Macrófagos, Mastócitos, plasmócitos, Adipóticos, Leucócitos.
Localização: Entre as células dos músculos, envolvendo vasos sanguíneos, na pele, mucosas e glândulas.
Funções: Suporte, preenchimento, cicatrização, nutrição e proteção

Tecido Conjuntivo Denso

Substância intercelular: Pouca substância amorfa, muitas fibras (com predomínio de fibras colágenas) 
Classificação:

A. Tecido conjuntivo denso modelado (Tendões)
B. Tecido conjuntivo denso não modelado (Cápsula de órgãos, como o fígado e os rins)

Tecido Cartilaginoso

Localização: Orelha, traquéia, nariz, discos intervertebrais e superfície das articulações. 
Substância Intercelular: Ácido condroitinussulfúrico.
Células típicas: Condroblastos e Condrócitos.
Fibras: elásticas e colágenas.
Obs. Não possui inervação e nem vascularização.
Funções: sustentação, elasticidade e resistência a tração.

Tecido Ósseo

Caracterizado por uma matriz mineralizada por fosfato de cálcio, sendo o principal tecido do osso. 

Substância Intercelular: matriz óssea formada por cristais de fosfato de cálcio. 
Células Típicas: Osteoblastos, Osteócitos e Osteoclastos. 
Estrutura Característica: Canais de Havers. 
É um tecido vascularizado. 
Funções: sustentação, proteção mecânica e reservatório de cálcio. 
  • Osteoblasto: Célula pouco diferenciada responsável pela produção de parte da matriz orgânica e dos outros tipos celulares.

  • Osteócito: Célula diferenciada responsável pela manutenção da matriz óssea.
  • Osteoclasto: Célula responsável pela reabsorção e reorganização do tecido ósseo.

 

Tecidos conjuntivos – Visão geral


O osso e o crescimento

SANGUE

O sangue humano é constituído por um líquido amarelado, o plasma, e por células e pedaços de células, genericamente denominados elementos figurados.
Plasma
–Água
–Íons (sódio, magnésio, potássio, cloro,cálcio, bicabornato)
–Proteínas (albumina, fibrinogênio, imunoglobulinas)
–Substâncias transportadas (nutrientes, resíduos, gases respiratórios, hormônios)
Elementos Figurados
–Hemácias
–Leucócitos
–Plaquetas



Tecido Adiposo

Células tipo: Adipócitos.
Funções:
–Regulação Térmica em aves e mamíferos.
–Reserva de Energia.
–Proteção contra choques mecânicos.




Neurônio




TECIDO MUSCULAR

CÉLULAS: fibras musculares contráteis muito especializadas.
CONTRAÇÃO: filamentos especiais de ACTINA e MIOSINA.
ORIGEM: Mesodérmica.
CLASSIFICAÇÃO:
1.Estriado Esquelético
2.Estriado Cardíaco
3.Liso
4. Células mioepiteliais


Tipos de tecidos musculares


Contração muscular



Recursos musculares



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O poder do esquecimento

A neurociência caminha rapidamente na direção de criar medicamentos capazes de apagar lembranças indesejáveis e memórias traumáticas. Mas será que isso não mudaria nossa personalidade?

Kate Winslet e Jim Carrey no filme 'Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças' (2004):
em breve poderemos apagar as memórias com uma pílula. Valerá a pena? (Reprodução)
   O filme é de 2004, mas ainda está vivo na memória de quem assistiu: Clementine (Kate Winslet) quer esquecer seu ex-namorado Joel (Jim Carrey), e para isso se submete a um tratamento experimental que apaga todas as lembranças dos momentos que passaram juntos. Quase dez anos depois, pesquisadores estão perto de fazer com que a ficção de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças se torne realidade. Em breve, finalmente poderemos deletar fatos traumáticos ou indesejados do passado.
  Se isso vai ser possível, é porque as memórias não são arquivos fixos. Muito recentemente, a neurociência confirmou uma hipótese que surgiu nos anos 1960, mas nunca tinha sido levada a sério: nossas lembranças são muito mais flexíveis do que se pensava — estão mais para uma peça de teatro, com suas mudanças sutis noite após noite, do que para um filme. A cada vez que acessamos uma lembrança, podemos moldá-la novamente. Não por acaso, em Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, quando percebe que foi deletado do passado de Clementine e resolve fazer o mesmo, o personagem Joel precisa relembrar toda sua história com ela. E na medida em que as lembranças veem à tona é que elas podem ser apagadas. Na vida real, o mesmo objetivo pode ser atingido, experimentalmente, bloqueando a síntese das proteínas certas.
  O resgate e a reconsolidação das lembranças depende da ativação de uma vasta conexão de neurônios. Para ser formada, uma memória de um evento qualquer ativa uma série de neurônios, que passam então a ficar conectados. É essa ligação a responsável por lembrarmos do primeiro beijo, por exemplo. Se a transmissão é interrompida exatamente no momento em que determinada memória estava desengavetada, ela não volta mais para seu lugar de origem — o hipocampo, apesar de muitas das lembranças negativas ficarem armazenadas na amígdala.
  "No nível molecular, o processo de arquivar, acessar e armazenar novamente a memória, com pequenas mudanças, é simples", afirma a psicóloga israelense Daniela Schiller, professora da Mount Sinai School of Medicine, em Nova York, e uma das líderes mundiais nas pesquisas sobre formação e consolidação de memórias – seu estudo sobre a maleabilidade das lembranças, publicado em 2010 na respeitadíssima revista Nature, ajudou a mudar a visão tradicional que os próprios cientistas tinham da memória. "Um medicamento que induza a produção de certas proteínas, exatamente no momento em que o paciente está repassando determinada lembrança, faz com que ela desapareça." (Daniela, aliás, se mudou de Telavive para Nova York, a capital dos estudos de ponta sobre memória, porque acreditou no boato, infundado, de que o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças era baseado em uma experiência real conduzida na cidade. Não era, mas ela acabou entrando em um pós-doutorado sobre memória graças ao erro.)
  Fim dos traumas — Uma das proteínas responsáveis por este processo de reestabilização das conexões neurais é a já conhecida PKMzeta, descoberta pelo neurologista americano Todd Sacktor, que pesquisa o assunto dentro do Sunny Downstate Medical Center, no Brooklyn. E é no desenvolvimento de um medicamento que iniba temporariamente sua produção que os pesquisadores estão trabalhando. O desafio é chegar a uma pílula que funcione por pouco tempo e com precisão cirúrgica: apenas nos circuitos neurais corretos.
  Enquanto isso não é possível, existem formas de apagar a lembrança indesejada antes que ela se consolide. Como a memória é formada em duas etapas, já é possível neutralizar a primeira, a chamada memória de curto prazo. "Existem medicamentos que bloqueiam a transformação das memórias de curto prazo em definitivas. Mas não é possível selecionar a lembrança que se quer apagar", diz Sacktor. Ou seja: se a pessoa recebe o tratamento imediatamente após o incidente traumático, ela não vai se lembrar de absolutamente nada do que aconteceu nos minutos anteriores. O exército americano está especialmente interessado neste tipo de pesquisa.
  Também já é possível modificar a lembrança, para que ela pareça menos terrível. Um estudo realizado na Universidade McGill, no Canadá, com dez pacientes de stress pós-traumático, alcançou resultados expressivos usando uma droga chamada propranolol, ministrada enquanto as pessoas contavam, em voz alta, os detalhes dos incidentes traumáticos pelos quais passaram.
  A droga, também usada de forma experimental no tratamento de ansiedade, alterou os circuitos neuronais o suficiente para que as lembranças fossem rearmazenadas, agora sem a mesma carga de stress. Uma semana depois, os pacientes voltaram para a universidade e contaram novamente suas histórias. Já não apresentavam sintomas de stress, como o batimento cardíaco acelerado observado no grupo de controle, formado por nove pessoas. Este tipo de tratamento poderia ser usado para casos de ataques de pânico – ele poderia amenizar o pavor de ambientes fechados, ou de aranhas, por exemplo.
  Implicações éticas — Mas um remédio capaz de apagar memórias pode ser perigoso. Ele poderia, em tese, ser usado contra a vontade do paciente. E pode descaracterizar nossa personalidade. "Nós somos o o resultado dos relatos que fazemos sobre nossa própria existência", afirma Todd Sacktor. O americano Henry Gustav Molaison é a prova disso. Em 1953, ele fez uma cirurgia para conter sua epilepsia: o neurocirurgião tirou metade de seu hipocampo e toda a amígdala. Quando acordou, Henry não era mais capaz de armazenar nenhuma memória e apenas se lembrava de seu passado antes da cirurgia. Até a morte aos 82 anos, em 2008, ele se olhava no espelho e não se reconhecia: tinha certeza de ter eternamente 27 anos, a mesma idade com que fez a cirurgia.
  Daniela Schiller defende que este tipo de tratamento deverá ser usado com parcimônia extrema. "As memórias indesejadas também fazem parte do que somos, e muitas vezes nos impedem de repetir erros do passado", diz. "Mas, em casos de stress pós-traumático, o trauma é tão profundo que a lembrança não fica mais fraca com o tempo. E isso inviabiliza uma rotina normal e saudável. Para estas pessoas, o tratamento pode trazer um grande alívio". É o caso, por exemplo, de pessoas que sofreram ou presenciaram acidentes graves, veteranos de guerra ou vítimas de sequestros, estupros e tortura. Contudo, é bom lembrar que em Brilho Eterno apagar as memórias do prévio relacionamento não evita que Clementine e Joel voltem a ficar juntos e passem pelos mesmos problemas de antes.

domingo, 11 de agosto de 2013

Cripta centenária é aberta na tentativa de identificar modelo da 'Mona Lisa'

Cientistas estão à procura de restos de descendentes de Lisa Gherardini.Eles acreditam que Lisa pode ter sido a modelo do quadro de Da Vinci.

O historiador Silvano Vicenti e o geólogo Antonio Moretti (baixo) exploram o subsolo da basílica Santissima Annunziata, em Florença, Itália. Eles tentam identificar restos mortais de descendentes de Lisa Gherardini, suposta Mona Lisa de Leonardo Da Vinci. (Foto: Michele Barbero/AP e Stefano Rellandini/Reuters)

   Pesquisadores abriram uma cripta centenária em uma igreja de Florença, na Itália, para procurar amostras que poderão ajudar na identificação dos restos de Lisa Gherardini, que possivelmente foi a modelo que posou para que Leonardo da Vinci pintasse a “Mona Lisa”.
   Os cientistas liderados por Silvano Vicenti fizeram um buraco para entrar na cripta do comerciante Francesco del Giocondo, o marido de Lisa Gherardini. Ali eles esperam encontrar restos de algum descendente dela - seu filho Piero, por exemplo.
   Vicenti e sua equipe querem comparar o DNA desses restos mortais com os de três mulheres que estavam sepultadas num convento abandonado perto dali, onde se acredita que Lisa tenha passado seus últimos dias.
   Se o DNA de alguma das três “bater” com o da amostra retirada da cripa da família de Giocondo, Lisa estará identificada, acredita Vicenti. Então, será possível fazer uma reconstituição do rosto da ossada e compará-la com o quadro.
A obra 'A Gioconda', também conhecida como
'Mona Lisa', de Leonardo da Vinci (Foto: Musée du
Louvre Paris / Alfredo Dagli Orti/ AFP)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Vacina brasileira contra a Aids será testada em macacos

Imunizante desenvolvido e patenteado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP mostrou alta potência em camundongos

HIV: com duração prevista de 24 meses, experimentos têm o objetivo de encontrar
o método de imunização mais eficaz para ser usado em humanos

  São Paulo – Uma vacina brasileira contra o vírus HIV, causador da Aids, começará a ser testada em macacos no segundo semestre deste ano. Com duração prevista de 24 meses, os experimentos têm o objetivo de encontrar o método de imunização mais eficaz para ser usado em humanos. Concluída essa fase, e se houver financiamento suficiente, poderão ter início os primeiros ensaios clínicos.   Denominado HIVBr18, o imunizante foi desenvolvido e patenteado pelos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Edecio Cunha Neto, Jorge Kalil e Simone Fonseca. Atualmente, o projeto é conduzido no âmbito do Instituto de Investigação em Imunologia, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), um programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apoiado pela FAPESP no Estado de São Paulo.
   O trabalho teve início em 2001, com apoio de um Auxílio Regular sob a coordenação de Cunha Neto. Em parceria com Kalil, o pesquisador analisou o sistema imunológico de um grupo especial de portadores do vírus que mantinham o HIV sobre controle por mais tempo e demoravam para adoecer. No sangue dessas pessoas, a quantidade de linfócitos T do tipo CD4 – o principal alvo do HIV – permanecia mais elevada que o normal.
   “Já se sabia que as células TCD4 são responsáveis por acionar os linfócitos T do tipo CD8, produtores de toxinas que matam as células infectadas. As TCD4 acionam também os linfócitos B, produtores de anticorpos. Mas estudos posteriores mostraram que um tipo específico de linfócito TCD4 poderia também ter ação citotóxica sobre as células infectadas. Os portadores de HIV que tinham as TCD4 citotóxicas conseguiam manter a quantidade de vírus sob controle na fase crônica da doença”, contou Cunha Neto.
Os pesquisadores então isolaram pequenos pedaços de proteínas das áreas mais preservadas do vírus HIV – aquelas que se mantêm estáveis em quase todas as cepas. Com auxílio de um programa de computador, selecionaram os peptídeos que tinham mais chance de serem reconhecidos pelos linfócitos TCD4 da maioria dos pacientes. Os 18 peptídeos escolhidos foram recriados em laboratório e codificados dentro de um plasmídeo – uma molécula circular de DNA.
Testes in vitro feitos com amostras de sangue de 32 portadores de HIV com condições genéticas e imunológicas bastante variadas mostraram que, em mais de 90% dos casos, pelo menos um dos peptídeos foi reconhecido pelas células TCD4. Em 40% dos casos, mais de cinco peptídeos foram identificados. Os resultados foram divulgados em 2006 na revista Aids.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

EUA tentam reparar uso de dados genéticos de família de Henrietta Lacks

Células retiradas de paciente morta em 1951, sem o consentimento da família, revolucionaram a medicina

   Um dos casos mais interessantes sobre privacidade na ciência e uso de dados genéticos de uma família começa a ser reparado. Nesta semana, os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (na sigla em inglês, NIH) entrou finalmente em acordo com a família de Henrietta Lacks sobre o acesso ao sequenciamento genético das células apelidadas de HeLa.
   As células tumorais HeLa são as mais estudadas em todo o mundo. Pesquisadores do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore (EUA) retiraram, em 1951, o tecido tumoral de Henrietta Lacks, mulher de 31 anos negra e pobre, que morreu vítima de um agressivo câncer cervical. A retirada foi feita sem o consentimento e conhecimento da família Lacks.

Henrietta Lacks com seu marido David, por volta de 1945 (The New York Time)
As células de Henrietta Lacks rapidamente se reproduziram em laboratório e hoje, um tubo de ensaio com as células HeLa custa 25 dólares. Mais de 60 anos após a morte de Henrietta Lacks, elas são usadas por cientistas no mundo em pesquisas sobre quase todo o tipo de doença. Elas eventualmente ajudaram a conduzir a uma infinidade de tratamentos médicos e lançou as bases para a indústria de biotecnologia de bilhões de dólares. O caso virou até livro, A Vida Imortal de Henrietta Lacks , escrito pela jornalista Rebecca Skloot em 2010 e publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2011.

Cultura de células HeLa em laboratório dos EUA (Natasha Madov)
   Em março deste ano o caso voltou a tona, pesquisadores alemães fizeram o sequenciamento genético das células HeLa. Os dados ficaram disponíveis na para livre acesso por alguns dias. 
   “Eu fiquei chocado e um pouco desapontado ao saber que as informações de Henrietta estavam lá, disse Jari Lacks Whye, neto de Henrietta Lacks, em entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira (7). Era como se os registros médicos dela estivessem para serem vistos num clique. Eles não vieram nos perguntar nada. Era como se a história estivesse se repetindo”, disse.
   O instituto alemão retirou os dados para dowload na internet e se desculpou. Porém, desta vez, a família teria a sua privacidade ainda mais devassada. Como o DNA é herdado, informações do DNA de células de Henrietta Lacks poderiam ser usadas para fazer predições sobre o risco de doença e de outros traços de seus descendentes modernos.

Imagem fluorescente de cultura de células HeLa: vendida a 25 dólares o tubo de ensaio (Getty Images)

   A família Lacks nunca tomou parte ou foi questionada sobre os mais de 74 mil estudos que tiveram as células HeLa como base. Porém um acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos deve mudar isto. Eles terão controle sobre o acesso de cientistas ao DNA das células HeLa. A família também vai ficar sabendo sobre estudos científicos. No acordo, dois membros da família farão parte do comitê de seis pessoas que regula o acesso ao código genético.
 "O cientista tem que fazer ciência, mas precisa ter sensibilidade e entender o que as pessoas precisam. E esta é uma forma de reparmos o que foi feito com a família Lacks", disse em coletiva de imprensa, Francis S. Collins, diretor do NIH.

Fósseis chineses propõem teorias diferentes para origem de mamíferos

Dois fósseis são possíveis chaves para entender origem de mamíferos.Ainda existem muitas divergências sobre o surgimento da classe.

Ilustração mostra Megaconus no que seria seu habitat natural.
 (Foto: April Isch/Universidade de Chicago)
  Dois fósseis descobertos na China, que datam de 160 a 165 milhões de anos atrás, propõem duas teorias diferentes sobre a origem dos mamíferos. Os achados foram descritos e publicados na revista “Nature” desta semana.
  Ainda existem muitas divergências sobre a origem exata dos mamíferos. O consenso é que eles já estavam espalhados e diversificados no período Jurássico. Mas ainda não se sabe com precisão quando eles tiveram origem.
  As pesquisas baseiam-se em dois fósseis perfeitamente conservados do grupo dos Haramiyida. Um foi denominado Arboroharamiya e o outro, Megaconus. Os fósseis mais antigos dos Haramiyida, que são considerados mamíferos primitivos, datam de até 50 milhões de anos antes das primeiras evidências de mamíferos.
  Por terem dentes com características similares aos roedores, têm semelhanças com outro grupo extinto: os multituberculata, que foram colocados pelos cientistas na origem dos mamíferos.

Imagem mostra fotografia de fóssil da espécie
Megaconus descoberta na China. (Foto: Zhe-Xi Luo/
Universidade de Chicago)
  O Arboroharamiya, descoberto e analisado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, da Universidade de Linyi, na China, e da Indiana University of Pennsylvania, é adaptado para viver em árvores e pode ter sido onívoro ou herbívoro. Os ossos da orelha assumiram uma configuração típica de mamíferos.
  Os resultados colocam os animais desse grupo junto com o grupo dos Multituberculata na origem dos mamíferos. Isso implica que os mamíferos tiveram origem pelo menos 215 milhões de anos atrás, muito antes do que os paleontologistas aceitavam até então.  Já o Megaconus, descrito por pesquisadores da Universidade de Chicago, da Universidade de Bonn, na Alemanha, da Universidade Normal de Shenyang e da Universidade de Medicina de Tianjin, ambas da China, é aparentemente adaptado para a vida terrestre e tinha uma dieta baseada em plantas. A formação óssea da orelha e dos tornozelos assemelham-se mais com grupos mais primitivos.
  Os pesquisadores interpretam essas informações constatando que os Haramiyida são um grupo mais primitivo do que os Multituberculata e que se encontra fora da classe dos mamíferos. A partir desses dados, os cientistas concluíram que a origem dos mamíferos seria bem mais recente, no período Jurássico Médio.
  “Essas genealogias divergentes tem implicações profundamente diferentes para a origem e a diversificação inicial dos mamíferos”, escreveram Richard Cifelli e Brian Davis em um artigo publicado na mesma edição da “Nature”.
  Eles enfatizam que nenhum dos dois estudos explicam perfeitamente os dados revelados pelos fósseis e que mais estudos terão de ser realizados para compreender melhor as informações.

Ilustração do Arboroharamiya, animal com corpo adaptado
para vida nas árvores. (Foto: Zhao Chuang)