domingo, 30 de outubro de 2011

Edital do Ciência sem Fronteiras para 2012 sai em novembro

     Ao iG, presidente da Capes, Jorge Guimarães, conta que pelo menos 20 mil vagas para Alemanha e Reino Unido já estão garantidas
      A grande divulgação prática do programa Ciência Sem Fronteiras, que pretende distribuir 100 mil bolsas de estudo no exterior a universitários brasileiros, deve acontecer em novembro. Apesar de o lançamento oficial do projeto ter ocorrido em julho, será no próximo mês que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgarão um edital conjunto de bolsas para o ano que vem.
    Em entrevista ao iG, o presidente da Capes, Jorge Guimarães, afirmou que esse novo edital trará as condições para que os estudantes se candidatem a pelo menos 20 mil bolsas oferecidas pelo Reino Unido e pela Alemanha. Além dos dois países, há acordos sendo feitos com os Estados Unidos (mas ainda sem definição de quantas vagas), França, Itália e Canadá, que aumentarão esse número. O Canadá será visitado por Guimarães nos próximos dias.
    A maior parte das bolsas será oferecida a estudantes de graduação em uma modalidade relativamente nova nos programas de intercâmbio mantidos pela Capes: a graduação-sanduíche. Ela exige estratégias diferentes. As universidades brasileiras precisam se comprometer a aproveitar os estudos feitos pelos universitários fora do País. Ao todo, 165 instituições já aderiram ao programa.
    Além disso, alguns critérios passam a ser importantes na seleção dos candidatos. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um deles. Os estudantes que tiveram mais de 600 pontos na prova somam pontos a seu favor, assim como aqueles que atuaram em projetos de iniciação científica e os premiados em olimpíadas científicas. Para participar, o candidato também precisa já ter cursado parte da graduação (pelos menos 40%) e deve ter concluído até 80% dos créditos do curso.
      A primeira seleção, ainda em processo, serviu como “experiência”, segundo o presidente da Capes. As inscrições para as primeiras bolsas do programa foram abertas no final se setembro e terminaram na semana passada. Guimarães conta que mais 8 mil jovens se candidataram às 1,5 mil bolsas que serão distribuídas nessa primeira leva, a partir de janeiro. A maior parte dos candidatos tem 19 anos.
     Ao longo dos próximos quatro anos, 75 mil bolsas serão oferecidas pelo governo federal, que espera o apoio de empresários para abrir outras 25 mil vagas durante esse período.

Repercussão
    Guimarães conta que, no mundo inteiro, o programa brasileiro para incentivar a formação de estudantes brasileiros e pesquisadores na área tecnológica teve grande repercussão. Para ele, os motivos vão além das crises financeiras pelas quais muitos países passam – em grande parte da Europa e Estados Unidos, as universidades são pagas. “O Brasil é bola da vez. Na Europa, há um problema de envelhecimento da população, há cidades fechando escolas primárias. É uma boa oportunidade”, diz.
     Por causa disso (e das crises econômicas), o governo brasileiro conseguiu barganhar os valores das taxas cobradas pelas instituições. No Reino Unido, por exemplo, cada aluno custará 15 mil libras ao ano. Normalmente, os custos chegariam a pelo menos 20 mil libras. Vale lembrar que, além das taxas, o governo federal vai pagar as bolsas aos selecionados para que eles se mantenham nesses países.
    Jorge Guimarães conta que instituições da Ásia têm procurado a Capes para tentar firmar parcerias. “O Ciência Sem Fronteiras provocou verdadeira euforia aqui no País e lá fora. Há muitos jovens que não teriam uma chance dessas e podem sonhar com a possibilidade de estudarem em universidades de alto padrão no mundo todo”, avalia.

Busca de talentos
     O projeto do governo federal – que, de acordo com o presidente da Capes, é acompanhado passo a passo pela presidenta Dilma Rousseff – é não só enviar estudantes brasileiros para o exterior como também trazer pesquisadores renomados para o País. Além de estrangeiros, brasileiros que estão morando longe de casa são alvo dos programas. No mês que vem, um edital de atração também será lançado.
      A proposta é trazer pesquisadores para longas e curtas temporadas. Entre os que serão convocados para ficar pouco tempo, são alvos do governo federal cientistas que já ganharam Prêmio Nobel. Espera-se convocar 2 mil pessoas nos próximos quatro anos.

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