Gene regula produção de proteína que evita 'estresse' em células cerebrais.
Estudo foi divulgado no 'American Journal of Human Genetics'.
Cientistas da Mayo Clinic, na Flórida, nos Estados Unidos revelaram a descoberta de um gene que estaria ligado ao desenvolvimento da doença da Parkinson. A novidade é tema da edição de setembro da publicação "American Journal of Human Genetics" (revista norte-americana de genética humana, em inglês).
Chamado EIF4G1, o gene ajuda às células cerebrais a resistirem ao "estresse", uma condição que pode levá-las à morte. Esse efeito é obtido a partir da produção de uma proteína, que é regulada pelo gene. Alterações no EIF4G1 causam problemas na ação dessa substância.
Segundo os cientistas, a descoberta do gene EIF4G1 pode servir para definir a frequência da doença em diversas populações no planeta e qual a influência desta parte do genoma no desenvolvimento de um problema que afeta até 1% de todas as pessoas acima de 50 anos no mundo.
LRRK2 No ano de 2004, pesquisadores da Mayo Clinic também participaram de um estudo que revelou um outro gene também responsável por provocar o surgimento da doença. Conhecido como LRRK2, as alterações nesse gene representam a maior parte da colaboração genética para o surgimento da doença de Parkinson. Mutações nesse gene aparecem em até 40% dos portadores de Parkinson de etnia árabe-berbere, 10% em judeus asquenazes, 8% em bascos e até 3% em caucasianos. Esses dados estão presentes em um estudo sobre o gene LRRK2 divulgado na revista "Lancet Neurology", no final de agosto. Agora, os cientistas querem saber qual a ligação entre os dois genes e aquilo que produzem. "É preciso estudar mais para saber se as proteínas reguladas pelos dois genes trabalham juntas ou se colaboram para o desenvolvimento do Parkinson de forma independente", diz Owen Ross, um dos autores de ambos os estudos, em entrevista ao G1. A doença de Parkinson é causada por uma diminuição nos níveis de um neurotransmissor no cérebro chamado dopamina. A queda acontece pela morte de células em uma região conhecida como substância negra. Os sintomas mais conhecidos da doença são a rigidez e os tremores no corpo.Dopamina e terapias O especialista não chega a dizer que a queda no nível de dopamina é causada diretamente pela ação do gene recém-descoberto. "Se uma célula não consegue lidar com o 'estresse' por causa do gene, isso eventualmente vai levá-la à morte. Se as células que morrerem forem aquelas responsáveis pela produção de dopamina, talvez este seja um mecanismo pelo qual o gene provoque a doença", diz. A identificação dos genes pode levar a diagnósticos antecipados no futuro. "Um dos objetivos das pesquisas é saber quem tem risco de desenvolver a doença e, talvez, aplicar estratégias para proteger o cérebro do pacientes antes dos primeiros sintomas", acredita Ross. Mesmo pacientes com uma mesma origem genética para a doença podem apresentar os sintomas em diferentes fases da vida. "É preciso lembrar que o Parkinson não causa apenas problemas de movimentos, mas também problemas não ligados à capacidade motora do paciente." Possíveis terapias a partir desses estudos incluem a manipulação dos genes para evitar que comprometam o cérebro ou das proteínas que eles regulam. "Essas pesquisas também nos ajudam a ver quais pacientes podem se beneficiar ou não deste tipo de tratamento", afirma o médico.
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