domingo, 2 de outubro de 2011

Estudo revela mecanismo dos reflexos das articulações humanas

Cientistas descobrem que neurônios reagem de forma quase instantânea para controlar os movimentos do corpo humano

Imagem de raio-x de mão e pulso: sofisticação nas articulações é acompanhada por velocidade de resposta dos neurônios

    Um estudo em humanos e macacos identificou neurônios que reagem entre si de forma quase instantânea como os responsáveis por controlar o movimento das articulações, segundo um artigo publicado nesta quarta-feira (28) na revista Nature.
    O estudo mostra que em animais com múltiplas articulações, como os mamíferos, um dos problemas mais complexos para os cientistas é como interpretar corretamente todos os impulsos sensoriais que produzem a grande quantidade de combinações de movimentos geradas pelas extremidades destes animais.Até agora, as pesquisas existentes demonstravam que a produção dos movimentos rápidos e involuntários envolve um grau de sofisticação neural maior que nos movimentos voluntários.
    Nesta nova pesquisa, o professor Stephen Scott da Universidade de Queen (Canadá) afirma que tanto os macacos como os humanos movimentam os cotovelos e os ombros enviando ordens motoras para o cérebro que produzem respostas em 50 milisegundos (500 vezes menos que um segundo).
   Através de estímulos magnéticos transcraniais, os cientistas estabeleceram a causa pela qual o córtex motor primário gera de maneira quase instantânea o movimento das articulações durante a geração dos reflexos humanos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mesma mutação genética causa duas doenças diferentes, diz estudo

Alteração provoca esclerose lateral amiotrófica e um tipo de demência.
Trabalho foi publicado na revista científica 'Neuron'.

    Cientistas norte-americanos descobriram que mutações em um único gene no corpo humano levam ao desenvolvimento de duas doenças neurológicas diferentes. O trabalho foi publicado na edição desta semana da revista científica "Neuron".
     As alterações acontecem em um gene chamado "C9ORF72". Pessoas saudáveis podem ter até 23 cópias dele no organismo. Mas quando ocorre uma mutação, ele se descontrola e se multiplica, formando de centenas a milhares de cópias.
   Quando isso acontece, duas doenças podem surgir: a "esclerose lateral amiotrófica" e a "demência frontotemporal" .

As doenças
     A esclerose lateral amiotrófica é a doença que atinge o físico americano Stephen Hawking e é também conhecida como "mal de Lou Gehrig", um jogador de baseball dos Estados Unidos que morreu em 1941 vítima da enfermidade.
     Esse tipo de esclerose mata neurônios que se estendem do cérebro até a medula espinhal e outros que vão da medula até os músculos do corpo. Quando essas células morrem, a habilidade de controlar o movimentos é perdida. Problemas para caminhar, falar, engolir e até respirar são comuns. Ela é fatal e não há cura conhecida. Estima-se que dois a cada 100 mil indivíduos têm a doença no mundo.
    
     Já a demência frontotemporal atinge os neurônios da lateral e da frente do cérebro. Os portadores têm dificuldade para organizar atividades, interagir com as pessoas e até mesmo de se cuidar.
    A doença é de diagnótisco difícil porque em seus primeiros estágios pode causar apenas mudanças de comportamento e, às vezes, alguma dificuldade com a linguagem.
    Por isso, os cientistas acreditam que ela deve ser bem mais comum do que as estatísticas apontam. "Nos Estados Unidos, nós estimamos o número de portadores dessa doença entre 20 mil e 30 mil, mas deve haver muito mais", diz Rosa Rademakers, neurocientista da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, que fez parte do estudo genético divulgado na "Neuron".

A pesquisa

     No estudo, 23% dos pacientes com esclerose e 12% das pessoas com demência consultadas tinham o gene alterado. As duas doenças apareceram em 4% dos casos do estudo.
     De acordo com Rademakers, não está claro como o gene age para provocar as doenças. "Nós também não sabemos ainda quando uma pessoa irá desenvolver um ou outro problema ou os dois juntos", disse a médica em entrevista ao G1.
"Apesar de aparecerem nesses pacientes, nós não sabemos ainda como o gene se manifesta", explica Rademakers.
     Os especialistas esperam que o conhecimento sobre o gene possa, no futuro, gerar terapias que possam atenuar ou evitar as doenças. "Infelizmente, ainda é muito cedo para falar em algo que possa alterar esse gene", diz a médica. "Uma opção, caso os estudos confirmem, pode ser o bloqueio ou a destruição dessas sequências repetidas do gene."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

América do Sul terá seu acelerador de partículas


Laboratório subterrâneo será instalado na cordilheira dos Andes, entre Argentina e Chile
      Um grupo de cientistas vai estudar os segredos do universo em um laboratório subterrâneo de física de partículas que será instalado em um túnel na cordilheira do Andes em uma região entre a Argentina e o Chile.

Projeto Andes terá um acelerador de partículas similar ao Tevatron dos EUA, na foto acima

      O projeto Andes envolve cientistas de Argentina, Brasil, Chile e México que receberam o apoio de colegas americanos e europeus em troca da cooperação no estudo da matéria escura, os neutrinos e outras partículas subatômicas, explicou nesta terça-feira o coordenador da iniciativa, o físico franco-argentino Xavier Bertou.
       Também "há grande interesse" em usar o laboratório para estudos de impacto dos raios cósmicos sobre o envelhecimento celular, de geofísica - para criar uma rede de sismógrafos entre a Argentina e o Chile - e de meio ambiente, com base em medições de baixíssima radioatividade, explicou o cientista.
       A construção do laboratório custará US$ 15 milhões (cerca de 27 milhões de reais), o equivalente a 2%" do custo do túnel rodoviário Água Negra, que unirá a cidade de Iglesia, na província argentina San Juan, à chilena de Vicuña.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cientistas da China clonam porco que sobreviveu a terremoto

Seis filhotes idênticos foram gerados do DNA de animal que passou um mês debaixo de escombros.

   Cientistas chineses clonaram um porco que ganhou status de herói no país, em 2008, após ter sobrevivido ao terremoto que assolou a província de Sichuan quando ficou um mês debaixo dos escombros, segundo informações divulgadas na mídia chinesa.
  Seis filhotes idênticos foram gerados a partir do DNA de Zhu Jiangqiang, um animal de 150 quilos apelidado de "o porco de boa vontade".
   Zhu é castrado e tem cinco anos de idade - o que, para padrões humanos, equivaleria a 60 anos. O animal sobreviveu ao terremoto de 8 pontos de magnitude bebendo água da chuva e comendo carvão.

Seis filhotes idênticos foram gerados a partir do
DNA de um animal de 150 quilos conhecido como
''o porco de boa vontade'' (Foto: AP Photo / via BBC)

    Mais de 90 mil pessoas ou foram mortas ou ficaram desaparecidas em consequência do terremoto na China, considerado o maior desastre natural já ocorrido nesta geração no país.
    Ele teria ficado traumatizado após ter ficado debaixo dos escombros por 36 dias.
   Em entrevista ao jornal Sunday Morning Post, o cientista Du Yutao, que comandou o projeto de clonagem, reservou calorosos elogios ao animal, dizendo que "este porco maravilhoso voltou a nos surpreender".
   De acordo com o diário chinês, os porquinhos possuem uma notável semelhança com o pai, como um sinal de nascença entre os olhos.
   Segundo o diário, os filhotes deverão ser dispostos em pares e enviados para um museu e um instituto genético.

Os novos caçadores de micróbios

Novas tecnologias permitem que cientistas ganhem um controle muito maior de surtos e epidemias
David Relman, de Stanford, pesquisa os micróbios que vivem dentro do corpo humano

    Era uma noite de terça-feira, 7 de junho. Um surto assustador de bactérias transmitidas por alimentos estava matando dezenas de pessoas na Alemanha e adoecendo centenas. E os cinco médicos jantando no Da Marco Cucina e Vino, um restaurante em Houston, não conseguiam parar de falar nisso.
    O que fariam se algo do gênero acontecesse em Houston? Suponha que um paciente chegasse, morrendo de uma infecção que progredia rapidamente e tivesse origem desconhecida? Como eles poderiam descobrir a causa e impedir uma epidemia? Eles conversaram durante horas, finalmente concordando com uma estratégia.
     Naquela noite, um dos médicos, James M. Musser, chefe de patologia e medicina genômica do Methodist Hospital System, teve notícias de uma residente preocupada. Um paciente havia acabado de morrer de uma possível inalação de antraz. O que ela deveria fazer? “Eu sei exatamente o que fazer”, Musser respondeu. “Acabamos de passar três horas falando disso”.
    As perguntas eram: foi antraz? Se sim, era uma cepa geneticamente modificada para o bioterrorismo ou uma que normalmente vive no solo? Qual sua periculosidade? Musser sabia que as respostas poderiam vir rapidamente com a tecnologia que permitiria aos investigadores determinarem a sequência completa do genoma do micro-organismo suspeito.
    Segundo sustentam Musser e outros, é o começo de uma era na microbiologia. E o tipo de epidemiologia molecular que ele e os colegas desejariam fazer é somente uma parte pequena dela. Novos métodos para o sequenciamento rápido de genomas microbiais completos estão revolucionando o campo.
    O primeiro genoma bacteriano foi sequenciado em 1995 – um triunfo à época, que exigiu 13 meses de trabalho. Hoje em dia, os pesquisadores podem sequenciar o DNA que compõe o genoma de um micro-organismo em poucos dias ou, usando os equipamentos mais recentes, num dia. (Já analisá-lo demora mais.) Eles podem, ao mesmo tempo, tirar sequências de todos os micróbios de um dente, da saliva ou de uma amostra de esgoto. E o custo caiu de US$ 1 milhão para cerca de US$ 1.000 por genoma.
    Numa entrevista recente, o Dr. David A. Relman, professor de medicina, microbiologia e imunologia em Stanford, escreveu que os pesquisadores haviam publicado 1.554 sequências completas de genomas bacterianos e estavam trabalhando em 4.800 mais. Eles têm sequências de 2.675 espécies de vírus e, dentro delas, sequências de dezenas de milhares de cepas – 40 mil cepas de vírus da gripe, mais de 300 mil cepas de HIV, por exemplo.
    Com o rápido sequenciamento do genoma, “somos capazes de olhar o diagrama de um micróbio”, Relman declarou durante entrevista telefônica. É “como receber o manual operacional do carro depois de se tentar resolver um problema durante um tempo”.
   Matthew K. Waldor, da Escola de Medicina de Harvard, afirmou que a nova tecnologia “está mudando todos os aspectos da microbiologia – é uma coisa transformadora”.
   Um grupo está começando a desenvolver o que chama de mapas meteorológicos de doenças. A ideia é pegar amostras de usinas de tratamento de esgoto ou lugares como metrô ou hospitais e sequenciar rapidamente os genomas de todos os micro-organismos. Isso mostrará exatamente que bactérias e vírus estão presentes e qual sua prevalência.
    Com essas ferramentas, os investigadores podem criar uma espécie de mapa meteorológico de padrões de enfermidades. E podem adotar medidas de prevenção contra as que estão começando a surgir – gripe, doenças transmitidas por alimentos ou SARS, por exemplo, ou bactérias resistentes a antibióticos num hospital.
   Outras pessoas estão sequenciando genomas para descobrir onde as doenças tiveram origem. Para estudar a peste negra, que varreu a Europa no século 14, os pesquisadores compararam genomas da bactéria de peste bubônica de hoje em dia, que variam levemente de país para país. Trabalhando de forma retroativa, eles conseguiram criar uma árvore genealógica que colocou a origem do micróbio na China, entre 2.600 e 2.800 anos atrás.
   Um terceiro grupo de pessoas, incluindo Relman, está examinando o vasto mar de micro-organismos que vivem pacificamente sobre e dentro do corpo humano.
   Ele descobriu, por exemplo, que as bactérias na saliva são diferentes das dos dentes e as de um único dente não são iguais às bactérias de um dente adjacente. Segundo os pesquisadores, as bactérias da boca oferecem pistas para a cárie dentária e doenças gengivais, duas das infecções humanas mais comuns.

Um teste prático 
Para Musser e seus colegas, o teste prático do que poderiam fazer surgiu naquela noite de junho.

   O paciente era um homem de 39 anos que morava a cerca de 120 quilômetros de Houston, numa área relativamente rural. Ele estava soldando em casa quando, repentinamente, não conseguiu mais respirar. Ele começou a tossir sangue e a vomitar. O homem sentia dor na cabeça, na parte superior do abdome e no peito.
  No pronto-socorro, a pressão sanguínea estava perigosamente baixa e o coração batia acelerado. Os médicos deram a ele antibiótico intravenoso e o levaram correndo para o Hospital Metodista, em Houston. Ele chegou na noite de sábado, 4 de junho. Apesar dos esforços heroicos, o paciente faleceu dois dias e meio depois, na manhã de terça-feira.
   Agora era terça à noite. Segundo a autópsia, todos achavam que a causa parecia ser antraz, na mesma forma incomum – a chamada inalação de antraz – que apavorou a nação em 2001. Mesmo antes da morte do homem, os pesquisadores tinham suspeitas porque os resíduos pulmonares estavam cheios de bactérias em formato de bastonete, uma característica do antraz. Os investigadores reproduziram a bactéria no laboratório, percebendo que as colônias pareciam pilhas de vidro fosco, típicas do antraz, mas também de outros micróbios do gênero Bacillus.
  “Sabíamos que tínhamos de resolver aquilo correndo. Era preciso saber com toda certeza com o que estávamos lidando. Foi nessa hora que colocamos em ação um plano para sequenciar o genoma”, contou Musser.
   Poucos dias depois encontraram a resposta. A bactéria não era antraz, mas estava intimamente relacionada. Eram de uma cepa diferente de Bacillus: cereus em vez de anthracis.
    As bactérias tinham vários genes em comum com os da toxina do antraz, mas continham somente um dos quatro vírus que habitam a bactéria do antraz e contribuem para sua toxicidade. E faltavam nelas um cromossomo miniatura – um plasmídeo – encontrado na bactéria do antraz que também conta com genes de toxina.
   A conclusão foi de que a bactéria letal estava ocorrendo de forma natural e, embora fosse intimamente relacionada ao antraz, não era igualmente perigosa.
   Então por que esse homem ficou tão doente? Segundo Musser, ele era soldador e os soldadores são singularmente suscetíveis a infecções pulmonares, talvez porque seus pulmões são cronicamente irritados por partículas metálicas finas. Assim, sua doença fatal provavelmente se devia a uma confluência de eventos: soldagem, morar numa área rural onde a bactéria vivia no solo e inspirar a toxina contendo espécies de bactéria.
    Waldor e seus colegas fizeram uma pergunta pouca coisa diferente quando o Haiti foi varrido pelo cólera depois do terremoto do ano passado. O cólera não era visto no país há mais de um século. Por que essa epidemia repentina? Rapidamente, os cientistas sequenciaram o genoma da bactéria haitiana e o compararam com cepas de cólera conhecidas do mundo inteiro. No fim das contas, a cepa haitiana era diferente da bactéria da cólera na América Latina e África, mas idêntica à do sul asiático.
    Assim os pesquisadores concluíram que o terremoto fora indiretamente responsável pela epidemia. Muitos voluntários que foram ao Haiti moravam no sul da Ásia, onde o cólera era endêmico.
  “Provavelmente, um ou mais desses indivíduos levaram o cólera para o Haiti”, disse Waldor.
     A cartografia dos mapas de doenças Um dos colaboradores de Waldor naquele estudo, Eric Schadt, quer dar um passo além com a ideia da ciência molecular forense. Schadt, chefe de genética da Escola de Medicina Mount Sinai e diretor-chefe científico da Pacific Biosciences, quer fazer mapas meteorológicos de doenças.
    Ele começou com estudos-piloto, primeiro nos escritórios de sua empresa.
   Durante vários meses, ela analisou os genomas dos micróbios nas superfícies, como escrivaninhas, computadores e no botão de descarga das privadas. À medida que a temporada de gripe começava, as superfícies passaram a conter mais e mais da cepa da gripe predominante até que, no auge da temporada de gripe, toda superfície tinha os vírus da gripe. A superfície mais contaminada? Os botões de controle dos projetores nas salas de reunião.
“Todo mundo toca neles, que nunca são limpos”, disse Schadt.
    Ele também tirou amostras da própria casa e descobriu, para seu desalento, que a alça da geladeira sempre estava contaminada com micróbios que vivem em aves e suínos. Ele percebeu que o motivo se devia ao fato de as pessoas tirarem frios da geladeira, fazerem sanduíches e depois abrirem a porta do refrigerador para guardar os frios sem antes lavar as mãos. “Tenho lavado minhas mãos muito mais agora”, Schadt afirmou.
    Segundo ele, o estudo-piloto mais interessante foi a análise do esgoto. ``Se você quiser fazer a pesquisa mais ampla possível, o esgoto é formidável.
   Todos contribuem com ele todos os dias’'.
   Para sua surpresa, ele viu não apenas micróbios causadores de doenças como também os que vivem em comidas específicas, como frango, pimenta ou tomate.
“Eu falei: 'Uau, até parece epidemiologia da saúde pública’. Poderíamos começar a avaliar a composição da dieta de uma região e correlacioná-la com a saúde”, disse Schadt.
    Relman, por sua vez, está se concentrando na vasta massa de micróbios que vivem pacificamente dentro ou sobre o corpo humano. De acordo com ele, existem muitos mais genes bacterianos que vivem sem causar problema dentro de nós do que genes humanos. Um estudo que examinou amostras de fezes de 124 europeus saudáveis encontrou uma média de 536.122 genes únicos em cada amostra, e 99,1 por cento eram de bactérias.
    Os genes bacterianos ajudam com a digestão, às vezes de formas inesperadas.
   Um estudo recente descobriu que bactérias no intestino de muitos japoneses, mas não nos norte-americanos testados como controle, têm um gene de uma enzima para quebrar um tipo de alga usada para embalar sushi. A bactéria intestinal aparentemente pegava o gene de bactérias marinhas que vivem nesta alga vermelha no mar.
    Porém, se essas vastas comunidades de micróbios são tão importantes quanto os pesquisadores pensam que são para manter a saúde, questiona Relman, o que acontece quando as pessoas tomam antibióticos? As comunidades microbianas que estavam no intestino se recuperam? Usando o sequenciamento rápido do genoma de todos os micróbios nas amostras fecais, ele constatou que elas voltavam, mas que a comunidade microbiana não era exatamente igual como antes de ser perturbada por antibióticos. E se uma pessoa toma o mesmo antibiótico uma segunda vez, até seis meses depois da primeira dose, os micróbios demoram mais para voltar e comunidade fica ainda mais avariada.
    Agora ele e os colegas estão examinando bebês, pegando amostras de pele, saliva e dentes, no nascimento e durante os dois primeiros anos de vida, uma época em que a estrutura das comunidades microbianas no corpo está sendo estabelecida.
“Nós esperamos os bebês se exporem aos antibióticos – não demora muito”, afirmou Relman.
Segundo ele, o objetivo é avaliar os efeitos dos micróbios nos bebês, principalmente quando recebem doses repetidas de antibióticos que não são verdadeiramente necessárias.
“Tudo tem um custo. O problema é encontrar o equilíbrio certo. Como clínicos, nós não temos olhado o custo à saúde de nossos ecossistemas microbianos”.

Gene de doença que impede pessoa de ter impressões digitais é revelado

Apenas 4 famílias no mundo foram diagnosticadas com o problema. Marcas nas pontas dos dedos são únicas para cada pessoa.

    Cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Israel, descobriram um gene responsável por causar uma doença que deixa os dedos do portador sem impressões digitais. O estudo foi divulgado na publicação científica "American Journal of Human Genetics".
    Apenas 4 famílias no mundo foram diagnosticadas com a doença. Um caso que chamou a atenção da comunidade médica ocorreu quando uma suíça tentou entrar nos Estados Unidos, mas precisou de muito tempo para explicar aos oficiais da alfândega que não possuía impressões digitais.
    A doença é causada por uma alteração no gene SMARCAD 1, responsável pelo desenvolvimento das impressões digitais. Ele foi descoberto após um estudo coordenado por Eli Sprecher, da Faculdade de Medicina da universidade, que trabalhou com a família da suíça que teve problemas para entrar nos Estados Unidos. Nove parentes da moça também não apresentavam impressões digitais.


Impressões digitais são marcas exclusivas de
cada pessoa ou gêmeos idênticos. (Foto: Howard
Bartrop / Image Source / AFP Photo)
   
    As impressões digitais são formadas 24 semanas após a fertilização e não mudam durante a vida da pessoa. Elas são únicas para cada pessoa ou para cada par de gêmeos idênticos. Por serem exclusivas, são utilizadas para a detecção de crimes e para controle em viagens internacionais.
     Alterações nas impressões digitais podem indicar outras doenças mais severas. Já no caso da doença da suíça, a ausência total das marcas na ponta dos dedos não traz maiores problemas - apenas uma dificuldade para suar nas mãos. Sprecher explica que não só as pontas dos dedos detêm padrões excluvisos para cada humano. As mãos, os dedos e as solas dos pés também apresentam traços únicos conhecidos como dermatoglifos. A análise dessas marcas permitem conhecer mais sobre a característica das pessoas e tem aplicação em áreas como o esporte - o desempenho dos atletas pode ser previsto com algumas informações genéticas que podem ser desvendadas por meio das impressões.




FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/09/gene-de-doenca-que-impede-pessoa-de-ter-impressoes-digitais-e-revelado.html

domingo, 18 de setembro de 2011

Memória demora a se desenvolver

Estudo mostra que capacidade de se recordar só chega à sua total capacidade na idade adulta

   As crianças possuem memória. Porém, o desenvolvimento da capacidade de recordar a origem das informações contidas na memória ocorre de forma mais lenta. Um novo estudo revela que esta capacidade se desenvolve durante a adolescência e que o desenvolvimento pleno ocorre apenas na fase adulta.
   Os pesquisadores da Universidade de Saarland, na Alemanha, relataram as descobertas na revista Child Development.
   Eles forneceram um teste de memória em duas partes para crianças, adolescentes e jovens. Na primeira, foram mostradas aos participantes imagens na tela de um computador. Eles deveriam indicar se elas eram repetidas selecionando entre os botões 'novo’ e 'velho’.
    Em seguida, eles receberam um teste semelhante, que incluía certas imagens do primeiro teste.
  Embora a capacidade de memorização melhorasse de modo geral com a idade, a capacidade de reconhecer a fonte das informações retidas na memória – avaliada no segundo teste – era particularmente fraca nas crianças. O desempenho de adolescentes e adultos foi igualmente bom, mas com uma diferença significativa.
   Os participantes usaram uma touca de eletrodos que media a atividade neural deles. Somente os adultos mostraram padrões sofisticados de atividade enquanto buscavam a fonte da memória, afirma Volker Sprondel, principal autor do estudo e psicólogo da Saarland. Apenas com o uso de medições comportamentais, os pesquisadores não teriam detectado a diferença entre adultos e adolescentes, afirma Sprondel.
   Segundo ele, a descoberta sugere que quando se pede a crianças e adolescentes para comprovarem a fonte das informações contidas em suas memórias, como por exemplo, para lembrar a primeira vez que encontraram certa pessoa e o local, eles devem ser questionados com cautela.