quinta-feira, 25 de julho de 2013

Como funcionam as bombas de gás lacrimogêneo

Bombas de gás lacrimogêneo podem matar, apontam estudos; Brasil é um dos principais fabricantes  por Murilo Roncolato

Manifestantes fotografaram as bombas utilizadas na Turquia, como a GL 310 – a chamada “bailarina”,
por se movimentar após a combustão, impedindo de ser capturadas e arremessadas de volta

      Por mais estranho que pareça, protestos costumam seguir uma certa “ordem”. Os manifestantes marcam hora, local, aguardam até terem um número satisfatório de pessoas e marcham em linha, como um grande bloco. Normalmente, há uma rota determinada a se seguir até o ponto final. Seria assim, em ordem, se não fosse o imprevisível. Às vezes algo dá errado e a tal ordem pode não ser a esperada pela polícia. É aí que entra em cena o elemento símbolo dessa incompatibilidade de gênios: a bomba de gás lacrimogêneo. 
Nesta semana, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e demais capitais que seguem a série de protestos recentes, motivados inicialmente pelo aumento da tarifa do transporte público, viram o que acontece quando algo “dá errado”. A polícia age sob a orientação de dispersar a multidão e reassumir o controle da situação. Cassetetes e balas de borracha compõem o elenco. Mas o protagonista, a bomba de gás, é a responsável por instalar o caos e a correria. 
O armamento utilizado nesse tipo de situação deve ser o não-letal e o seu uso deve ser moderado. Nesses dois pontos há um problema: há frentes que argumentam que bombas de gás lacrimogêneo podem ser letais, e o modo como ela é utilizada pela polícia é o principal fator a favor da tese. 
Bombas de gás lacrimogêneo são estruturas de metal disparadas por armas lançadoras que, após explodir, liberam um gás basicamente composto de 2-clorobenzilideno malononitrilo, o chamado gás CS. Trata-se de uma substância sólida que misturada a solventes toma a forma de aerosol ácido, que em contato com os olhos causam lacrimajemento intenso e queimação. 
Por se tratar de um gás lacrimogêneo, as reações deveriam parar por aí, mas a lista do Centro de Controle e Prevença de Doenças dos Estados Unidos segue. O nariz libera coriza, a boca sofre irritação, a vítima baba e sente náuseas; se respirado, o gás provoca tosse e asfixia. Em exposição prolongada, estimada em uma hora, os efeitos podem ser ainda mais graves levando a vítima a desenvolver lesões na córnea ou cegueira, garganta e pulmões podem sofrer queimaduras avançadas e a asfixia pode ser completa. 
O gás lacrimogêneo é enquadrado como um agente psicoquímicos, considerado um “incapacitante” pelo Exército brasileiro, o que o diferencia dos agentes causadores de mortes, como os neurotóxicos (afetam o cérebro), os hemotóxicos (corrente sanguínea) e os sufocantes. Segundo um artigo do Instituto Militar de Engenharia (IME), de 2012, essa diferenciação pode não ser tão exata assim. “A linha que separa os agentes causadores de baixas e os incapacitantes é tênue, pois em altas concentrações qualquer agente incapacitante pode causar baixas.” 
Um número considerável de mortes relacionadas a bombas de gás lacrimogêneo já foi registrado. Uma mulher de 36 anos morreu por insuficiência respiratória e parada cardíaca durante um protesto na Palestina, em 2012. No Bahrein, 36 mortes foram catalogadas (inclusive a de um garoto de 14 anos) pelo organização internacional Physicians for Human Rights, que ao lado da Facing Tear Gas e da Anistia Internacional são as maiores ONGs à frente do confronto contra a bomba de gás, para a qual defendem o enquadramento como arma química. 
A outra crítica não é pelo conteúdo, mas pela forma. As bombas de gás são disparadas por armas que proporcionam um alcance de até 150 metros. Legalmente, o disparo deve ser feito sob um ângulo de 45º para que a explosão da bomba se dê no ar, antes de entrar em contato com o alvo. O que acontece é que nem sempre essa regra é respeitada, e a bomba acaba virando uma grande “bala”. Em dezembro de 2011, Mustafa Tamimi, de 28 anos, foi morto após ser atingido por uma bomba de gás no rosto. 
Em Istambul, na Turquia, a fumaça branca já compõem a paisagem típica da cidade. Por lá, o uso de bomba de gás tem sido “inapropriado”, segundo a Anistia Internacional. Bombas já foram lançadas dentro de hotel, na cara de manifestantes ou em forma de spray diretamente no rosto de manifestantes pacíficos, como a “mulher de vermelho”, símbolo da repressão turca. 

Produção brasileira

A Facing Tear Gas mobiliza sua campanha contra governos e empresas fabricantes desse tipo de armamento. No mundo, eles destacam seis. Uma delas é a brasileira Condor, baseada no Rio de Janeiro, responsável pelas bombas de gás utilizadas na Turquia. Lá manifestantes fotografaram as bombas utilizadas na Turquia, entre elas estão a GL 310 – a chamada “bailarina”, por se movimentar após a combustão, impedindo de ser capturadas e arremesadas de volta 
A empresa exporta 30% da sua produção. Já vendeu mais de US$ 10 milhões para a Turquia em 2011 e US$ 12 milhões para os Emirados Árabes Unidos em abril deste ano. Por aqui, a Condor selou contrato de R$ 49,5 milhões para fornecimento de armas não-letais para uso da polícia durante os eventos esportivos, segundo a agência Pública. A exportação de material bélico é incentivada pelo governo brasileiro, que isentou o setor de impostos desde 2011. 
A venda indiscriminada de armas a países sob ditadura é alvo de críticas. O Itamaraty afirmou ter iniciado uma investigação sobre a Condor após um bebê ter sido morto por substâncias do gás vendido pela empresa no Bahrein. A empresa alega respeitar os padrões internacionais de segurança.

FONTE: REVISTA GALILEU

terça-feira, 23 de julho de 2013

Pesquisa com células-tronco traz esperança para tratamento da cegueira

O pesquisador-chefe pretende começar a fazer os testes clínicos em cinco anos

Cientistas britânicos realizaram experimentos com células-tronco que podem trazer esperança para o tratamento da cegueira. O estudo, publicado na revista científicaNature Biotechnology , mostra que deficiências na parte do olho que detecta a luz podem ser reparadas.
Os fotorreceptores são células da retina que detectam a luz e as convertem em sinais elétricos enviados ao cérebro. No entanto, essas células podem morrer em alguns casos de cegueira, como na doença de Stargardt e na degeneração macular, uma condição médica geral dos adultos mais velhos, que resulta em uma perda de visão no centro do campo visual.
Agora, experimentos realizados com ratos por uma equipe do Moorfields Eye Hospital e University College London, mostrou que o mau funcionamento desses fotorreceptores pode ser tratado com células-tronco.

Sistema imunológico do olho é fraco, diminuindo rejeição de transplante

Retina em laboratório

A equipe usou uma nova técnica que reconstruiu uma retina em laboratório, extraindo dela milhares de células-tronco que foram amadurecidas para serem transformadas em fotorreceptores e injetadas nos olhos de ratos cegos.
A pesquisa concluiu que essas células puderam se conectar com a arquitetura do olho e começar a funcionar. No entanto, a eficiência das novas células ainda é baixa. Apenas mil de um total de 200 mil células transplantadas foram absorvidas de fato pelo olho.
O pesquisador-chefe, Robin Ali, disse à BBC que os resultados são prova de que os fotorreceptores podem ser transplantados de uma fonte de células-tronco embrionárias e abrem caminho para testes em humanos.
"Estamos tão animados. É possível dizer que cinco anos são um prazo realista para começar os teste clínicos", disse Ali.
O olho é um dos campos mais avançados em pesquisas usando células-tronco.
As células sensoras da luz precisam transmitir sinais elétricos para apenas mais uma célula antes que a mensagem chegue ao cérebro, ao passo que, no caso do tratamento da demência, as células devem se conectar com muitas outras em várias regiões do cérebro.
O sistema imunológico do olho é também muito fraco, diminuindo as chances de rejeição do transplante. Além disso, poucas células já podem fazer a diferença.
Dezenas de milhares de células-tronco são suficientes para melhorar a visão, enquanto que o mesmo número não seria capaz de regenerar órgãos maiores, como o fígado.
Chris Mason, do University College London, disse à BBC que a pesquisa é um grande avanço, mas a eficiência ainda é baixa para uso clínico.

FONTE: IG

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Folhas artificiais podem interromper aquecimento global

Cientistas apresentam em até um ano tecnologia que cria combustível que reduz descargas de carbono na atmosfera.

'Folhas artificiais' poderão produzir combustível do futuro através da 'fotossíntese artificial' (Foto: BBC)


Algumas das mais altas árvores do mundo imperam nas montanhas do norte da Califórnia, nos Estados Unidos. A vegetação chega às alturas apenas pela fotossíntese, processo que combina luz e ar para gerar energia necessária ao crescimento.
Imagine se o planeta também pudesse viver desta forma e abrir mão dos chamados combustíveis fósseis. O problema do aquecimento global poderia estar resolvido.
É exatamente nisso que este grupo de cientistas está trabalhando nos EUA, em uma verdadeira competição internacional para encontrar um novo tipo de energia verde.
Na prática o processo, chamado de 'fotossíntese artificial', significa que plantas fabricadas pelo homem podem vir a ser o combustível do futuro.

FONTE: G1

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Terra teve o quinto junho mais quente da história, de acordo com estudo

A temperatura média global registrada no mês passado foi de 16,14ºC.Recordes de calor foram registrados no Canadá, Rússia, Japão e Filipinas.


Jovem se refresca em Londres. Na segunda-feira (15), temperatura chegou a 28°C (Foto: Matt Dunham/AP)

A Terra teve, no mês passado, o quinto junho mais quente já registrado, de acordo com estudo divulgado nesta quinta-feira (18) pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
A temperatura média global do mês passado, de 16,14ºC, empatou com a de 2006 e foi 0,64ºC acima da média 15,5ºC registrada no século 20, segundo a pesquisa.
Recordes de calor para o mês foram registrados na maior parte do norte do Canadá, no oeste da Rússia, sul do Japão, nas Filipinas, no sudoeste da China e nas regiões sul e central da África em junho.
Em meio ao calor, as chuvas têm sido variadas este ano. A costa leste dos EUA teve mais chuva do que a média em junho, enquanto a Califórnia teve o ano mais seco já registrado, disse o levantamento.
Enquanto grande parte do mundo sofreu com o calor, a Ásia Central, Índia e a Europa Ocidental contrariaram a tendência, com temperaturas mais frias do que o normal.

FONTE:G1

Cientistas encontram vírus gigantes com maiores genomas já vistos

'Pandoravírus' foram achados no Chile e na Austrália.Suas características contrariam ideia de que vírus são seres muito simples.


Um dos pandoravírus vistos ao microscópio eletrônico
(Foto: Divulgação/ Science/ Chantal Abergel e Jean-Michel Claverie)

Dois tipos de vírus gigantes descritos na edição desta semana na revista “Science” podem representar um grupo totalmente inusitado na árvore da evolução dos seres vivos. Os dois foram identificados na Austrália e no Chile, e ganharam o nome de pandoravírus, porque os cientistas consideram que sua descoberta é como abrir uma caixa de Pandora, cheia de surpresas.
Na revista, os autores franceses Jean-Michel Claverie e Chantal Abergel, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS, na sigla em francês), apresentam suas descobertas destacando que os pandoravírus não têm "semelhança genômica ou morfológica com nenhuma família de vírus previamente definida".
Um dos pandoravírus foi identificado no mar, perto da costa central do Chile, e chega a ter 1 micrômetro de tamanho (1 milésimo de milímetro). O outro, um pouco menor, estava no barro de um lago de água doce perto de Melbourne, na Austrália.
Além de terem tamanho que chega a cem vezes o de outros vírus, os dois exemplares têm o DNA mais longo já visto entre seus pares, maior até que o de alguns tipos de bactérias. Isso é um forte argumento contra a ideia de que os vírus são seres simples demais para serem considerados vivos.

FONTE: G1

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Cientistas 'silenciam' cromossomo que causa síndrome de Down


Resultado foi obtido em cultura de células-tronco, informa a 'Nature'.Método pode ajudar pesquisa de formas de tratamento para sintomas.

Em pesquisa publicada na "Nature", nesta quarta-feira (17), cientistas afirmam ter encontrado uma maneira de "silenciar" o cromossomo que provoca a síndrome de Down.
Jeanne Lawrence e seus colegas da Escola Médica da Universidade de Massachusetts usaram uma enzima para introduzir um gene RNA chamado XIST em células-tronco derivadas de pessoas portadoras da síndrome.
O procedimento foi feito numa cultura de células, em laboratório, e não em pessoas. O XIST "encobriu" o terceiro exemplar do cromossomo 21, cuja existência origina a síndrome de Down, fazendo com que seus genes deixassem de atuar. A existência de três cromossos 21 caracteriza síndrome, também conhecida como "trissomia do cromossomo 21".
Ao comparar células com e sem o cromossomo "silenciado", os autores da pesquisa observaram que o XIST ajudou a corrigir padrões incomuns de crescimento e diferenciação observados nas células que têm Down.
Esse método pode ajudar a definir as mudanças moleculares envolvidas na síndrome. A pesquisa se baseou em um fenômeno ocorre naturalmente: durante o desenvolvimento do bebê, o XIST "desliga" um dos dois cromossomos X presentes em embriões femininos, garantindo que as meninas não tenham uma "dose dupla" da ação desses cromossomos.

Bebê com síndrome de Down brinca com a mãe
(Foto: Kirill Kudryavtsev / AFP)

A equipe de Lawrence entrelaçou o XIST sobre uma das três cópias do cromossomo 21 em células de pessoa com Down. Eles também criaram uma “chave” genética que lhes permite ligar e desligar o XIST por meio da aplicação de um antibiótico. Com isso, conseguiram neutralizar a expressão dos genes que se consideram ser causadores de problemas de desenvolvimento associados com a síndrome.
Como os cientistas usaram células-tronco pluripotentes, ou seja, que podem se transformar em células de diversos tecidos do corpo, os autores esperam que futuramente serão capazes de estudar em nível celular como a síndrome de Down se manifesta em cada parte do corpo.
Com isso, o estudo pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos para os diferentes sintomas degenerativos da síndrome. Um problema da técnica apresentada é que o XIST não silencia por completo o cromossomo 21. Isso pode comprometer os resultados dos estudos que comparam células com e sem o gene “silenciador” ativado.

FONTE: G1