quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Descoberto o ornitozila, o novo antepassado do ornitorrinco


   O ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) é uma das espécies mais curiosas do mundo animal. Monotremados, como o equidna – ou seja, que põem ovos e produzem leite – esses animais semiaquáticos têm uma aparência muito peculiar: bico de pato, rabo de castor e patas de lontra, o que os ajuda a nadar e a escavar.
  E quando pensávamos que esses mamíferos já haviam nos surpreendido por completo, cientistas da Universidade de Colúmbia e de Nova Gales do Sul descobriram uma espécie maior, que viveu na Austrália entre cinco e 15 milhões de anos atrás. Trata-se do “ornitozila” (Obdurodon tharalkooschild), um ornitorrinco de um metro de comprimento, mais de duas vezes maior que a espécie atual.
  A pesquisa, publicada na revista Journal of Vertebrate Paleontology, sugere que esses animais têm uma história evolutiva muito mais complexa do que se pensava. A descoberta se deu com o achado de um dente inscrutado em uma pedra de calcário, em Queensland. Depois de passar alguns anos em um armário, a palentóloga Rebecca Pian removeu o dente da pedra e rapidamente o associou a um ornitorrinco. Mas ao analisá-lo mais de perto, ela e sua equipe de pesquisadores concluíram que o animal era consideravelmente maior do que qualquer espécime atual.
   Segundo os pesquisadores, o “ornitozila” era um mamífero aquático que vivia perto de fontes de água doce nas florestas de Riversleigh. Quanto à aparência, o dente não fornece muitos detalhes, mas acredita-se que a espécie seria muito semelhante aos ornitorrincos atuais, com duas diferenças fundamentais: o tamanho e a presença de dentes, que o ajudariam a comer caranguejos, crustáceos e também pequenos vertebrados, como sapos e tartarugas.
   Até agora, os biólogos conheciam apenas quatro espécies extintas de ornitorrinco. Todas viveram em épocas diferentes, e por isso, acreditava-se sua árvore evolutiva seria simples e linear. No entanto, a nova descoberta traz à tona um novo ramo da espécie, o que incentiva os pesquisadores a procurar novos fósseis para saber mais sobre esse enigmático animal.
   Atualmente, os ornitorrincos vivem na Austrália e Tasmânia, e são carnívoros que caçam embaixo d´água: eles fecham os olhos e orelhas, e localizam suas presas – vermes , larvas e crustáceos – por meio do olfato. Na fase adulta, eles não têm dentes e mastigam com suas gengivas acolchoadas.
   Em terra, encolhem as unhas para se locomover com mais facilidade e cavam tocas nas margens dos rios. Dentro delas, as fêmeas cuidam dos filhotes, que nascem de ovos e são amamentados por glândulas mamárias quase imperceptíveis.
   Uma das características mais impressionantes do ornitorrinco é que os machos são venenosos: possuem um ferrão afiado nas patas traseiras, que usam para intoxicar seus predadores.
   Embora os ornitorrincos não estejam ameaçados de extinção, a caça ilegal e a alteração de seu habitat representam sérias ameaças à sua sobrevivência. Caçados durante muitos anos por sua pele macia, atualmente estão protegidos pela legislação australiana.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Cães modernos surgiram na Europa há pelo menos 19 mil anos, diz estudo

Cientistas fizeram análise detalhada de DNA de cachorros, lobos e coiotes.
Outras teorias creem que animal apareceu 1° na Ásia ou no Oriente Médio.


Esqueleto canino de 8.500 anos enterrado no sítio arqueológico Koster, em Illinois, EUA.
(Foto: Center for American Archaeology/Del Baston/AP)

   Uma análise detalhada de DNA apontou que os cães modernos surgiram na Europa entre 19 mil e 32 mil anos atrás, durante o período geológico Pleistoceno, segundo um novo estudo publicado nesta sexta-feira (15) na revista "Science".
   Pesquisas anteriores haviam sugerido, no entanto, que a origem do melhor amigo do homem seria o Leste Asiático ou o Oriente Médio. Especialistas elogiaram os atuais resultados, mas alertaram que o debate sobre qual teoria é verdadeira não deve terminar tão cedo.
  Todos concordam, porém, que os cães se originaram dos lobos e provavelmente se associaram aos seres humanos atraídos por alimentos ou restos de animais descartados por caçadores e coletores. Durante um longo processo, os cães foram domesticados e se mostraram úteis para caçar e proteger seus donos.
   Para chegar a essas conclusões, os autores coletaram amostras de DNA de 18 fósseis de animais semelhantes a lobos e cachorros que viveram há 36 mil anos em países como Argentina, Bélgica, Alemanha, Rússia, Suíça e EUA.
   Os cientistas então compararam esse material genético com amostras modernas de 49 lobos da América do Norte, Ásia, Europa e do Oriente Médio, além de amostras de quatro coiotes e 77 cães de uma grande variedade de raças.
   Segundo os pesquisadores, o DNA dos cães modernos mostrou grandes semelhanças com o de antigos espécimes europeus e também com o dos lobos europeus modernos. Eles destacam, ainda, que esses animais surgiram antes do aparecimento da agricultura.
   Robert Wayne, da Universidade da Califórnia em Los Angeles e um dos responsáveis pelo estudo, disse que agora há três possíveis hipóteses sobre as origens dos cães e que o tipo de lobo que deu origem a esses animais domésticos já foi extinto.
   Outro autor, Olaf Thalmann, da Universidade de Turku, na Finlândia, afirmou que a descoberta não significa que a Europa tenha sido o único lugar onde os cães apareceram pela primeira vez.
   "Concluímos que a Europa desempenhou um papel importante no processo de domesticação canina", ressaltou.

Vista lateral de crânio de lobo da era geológica Pleistoceno. Fóssil de 26 mil anos, ainda com dentes,
foi encontrado em caverna da Bélgica. (Foto: Royal Belgian Institute of Natural Sciences/AP)
FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/11/caes-modernos-surgiram-na-europa-ha-pelo-menos-19-mil-anos-diz-estudo.html