terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lista de espécies ameaçadas está crescendo e mais depressa

   Estudo com mais de 25 mil espécies de vertebrados mostrou que um quinto dos animais está ameaçado de extinção

No mapa, áreas mais escuras do globo representam as com maior espécies ameaçadas

    O número de espécies ameaçadas está crescendo e o planeta está perdendo biodiversidade ainda mais depressa do que antes. Foi o que constatou um grupo de pesquisadores que analisou dados de 25.780 espécies de vertebrados. Do total, um quinto está sob ameaça e a cada ano 52 espécies de mamíferos, pássaros e anfíbios se aproximam mais uma categoria da categoria de espécies ameaçadas, de acordo com dados da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
   A boa notícia é que o número poderia ser ainda pior se não fossem as medidas de conservação. Pesquisadores estipulam em 18% pior. O estudo foi apresentado hoje (26) na 10.ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) em Nagoya, no Japão e será publicado na próxima edição do periódico científico Science.
   “Nosso estudo mostra que os esforços de conservação não foram em vão, eles estão fazendo uma diferença notável. Sem esses esforços as perdas teriam sido ainda maiores”, disse por telefone ao iG Ana Rodrigues, do centro do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), na França, e que participou do estudo.
   Para Ana, o problema não são menores esforços para a conservação, “na verdade eles aumentaram”. A questão é o aumento das ameaças como perda de habitat, exploração das espécies, espécies invasoras, que também aumentaram.
   “O aumento da população mundial combinado com o aumento do consumo per capita, como o consumo de carne por exemplo, faz com que haja cada vez mais pressão sobre os ecossistemas naturais em geral e as florestas em particular, como na Amazônia”, diz.
   O pior lugar é o Sudeste Asiático. Ironicamente, as perdas estão relacionadas com a exploração do óleo de palma – usado na produção de biocombustível –, madeira, arroz e também na caça. Partes da América Central, Andes, Austrália também experimentaram a perda acentuada, em particular devido ao impacto do fungo mortal, chamado quitridiomicose, sobre anfíbios. A maioria dos casos é reversível, mas em 16% dos casos eles resultaram em extinção, afirmam pesquisadores.

Nem tudo é perda
   O estudo destaca 64 mamíferos, aves e anfíbios que tiveram o número de espécimes aumentado devido a medidas de conservação. Isto inclui três espécies que estavam extintas na natureza e já foram introduzidos novamente, como o condor da California (Gymnogyps californianus) e o furão (Mustela nigripes) e o cavalo selvagem (Equus ferus), na Mongólia.
   Os esforços de conservação têm sido bem sucedido, principalmente, em casos de combate à espécies exóticas invasoras em ilhas. A população do pássaro Copsychus sechellarum aumento de menos de 15 aves, em 1965, para 180, em 2006. Nas ilhas Maurício, outras seis recuperações de aves em estado crítico, inclusive o falcão maurício (Falco punctatu) cuja população aumentou de apenas quatro aves, em 1974, para quase mil.
   No Brasil, as boas histórias ficam por conta da recuperação do mico-leão-dourado (Leontopithecus Rosália), Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), Mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e a Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari).
   Ana antecipa estudo que ainda precisa ser finalizado e publicado, em que dados são apresentados por país. “O Brasil é a grande estrela. Quanto mais se tem mais se tem a perder e o Brasil está conseguindo preservar suas espécies”. 


domingo, 24 de outubro de 2010

Enem inclui questões de atualidades. Saiba o que pode cair

Vazamento de petróleo no Golfo do México e a primeira Copa do Mundo na África são alguns dos assuntos que devem ser cobrados

      A prova de atualidades do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cobra a compreensão e a interpretação dos principais fatos que aconteceram no Brasil e no mundo no primeiro semestre do ano. No teste que será aplicado no dia 6 de novembro, os estudantes podem encontrar questões relacionadas ao maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, à polêmica sobre programa nuclear iraniano e à primeira Copa do Mundo de futebol realizada em um país africano.
     Com questões relativamente simples, que exigem conceitos básicos para verificar o conhecimento dos estudantes sobre os assuntos, o exame cobra a compreensão de causas e consequências. “A polêmica nuclear iraniana deve aparecer questionando os conflitos que a envolvem, o posicionamento diplomático do Brasil – que tentou fazer um acordo com o Irã –, dos EUA, a postura do ONU (Organização das Nações Unidas), o significado do TNP (Tratado de não Proliferação Nuclear)”, afirma Alex José Derrone, professor de atualidades e geografia geral do cursinho pré-vestibular CPV, de São Paulo.
     Os terremotos que atingiram o Haiti, em janeiro, e o Chile, em fevereiro, também podem ser temas do Enem, na avaliação de Derrone. “O aluno pode ter que responder uma questão sobre as causas do terremoto, sobre a dinâmica das placas tectônicas. No Haiti há a parte política e a questão de que o desastre só veio a acentuar uma crise humanitária que já existia”, destaca.
Derrone lembra que as atualidades são um complemento à prova de geografia (dentro da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias) e aparecem mescladas a conceitos de diferentes matérias. O vazamento de petróleo no Golfo do México deve cair relacionado a questões ambientais, geográficas e até químicas.
A importância da Copa do Mundo da África do Sul e as discrepâncias sociais e econômicas do país também podem aparecer nas questões. Entre os temas brasileiros, Derrone destaca a polêmica sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, a disputa entre os Estados pelos royalties do pré-sal, o desmatamento da Amazônia e as catástrofes ambientais em Angra dos Reis, Paraty, Alagoas e Pernambuco – que envolvem mudanças climáticas e também a ocupação humana desordenada, sem planejamento ambiental.
Notícias
    Para se preparar para a prova de atualidades, os estudantes devem acompanhar os jornais, revistas e sites noticiosos desde o começo do ano. O coordenador geral de vestibular do grupo Anglo de ensino, Alberto Francisco do Nascimento, lembra que é preciso ir além da simples leitura: “É preciso ler de maneira crítica, analisando os conflitos que estão ocorrendo e relacionando os conceitos. O Enem não cobra questões quantitativas, nem memorização de datas, nomes e locais. O aluno precisa situar e interpretar”.
     Nascimento enfatiza a importância da leitura diária e sistemática de jornais e revistas. “O estudante precisa estar atualizado, não pode estar alheio. É inconcebível que um estudante do 3º ano do ensino médio não saiba o que é o pré-sal, por exemplo.”

Veja o levantamento de temas que podem cair no Enem:

- Aquecimento global
- Atentados terroristas na Rússia
- Chuvas no Nordeste
- Copa do Mundo na África do Sul
- Desmatamento na Amazônia e no Brasil em geral
- El Niño
- Enriquecimento de urânio no Irã
- Fusões de empresas
- Pré-sal e distribuição dos royalties
- Presos políticos de Cuba libertados
- Questão palestina (assentamentos israelenses e tentativas de acordos de paz)
- Terremotos no Chile e no Haiti
- Usina de Belo Monte
- Vazamento de petróleo no Golfo do México